Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e de outras instituições do Brasil e de outros países conseguiram obter uma enzima que poderá beneficiar o processo de desconstrução da celulose e, por conseguinte, a produção em larga escala de etanol de segunda geração, também conhecido como etanol celulósico. A informação foi divulgada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que colaborou com o financiamento do trabalho, com um valor não divulgado.
Como lembra a Fapesp, a desconstrução da celulose é fundamental para a conversão de biomassa em combustíveis e produtos químicos. A celulose, contudo, é muito resistente à degradação, o que torna lenta sua quebra e exige para tal sistemas enzimáticos complexos. A enzima que acaba de ser descoberta, batizada como CelOCE, pode agilizar esse processo, associada a outras enzimas.
“Identificamos uma metaloenzima que melhora a conversão da celulose por meio de um mecanismo até então desconhecido de ligação ao substrato e clivagem oxidativa. Essa descoberta estabelece uma nova fronteira na bioquímica redox para a despolimerização de biomassa vegetal, com implicações amplas em biotecnologia”, disse Mário Murakami, líder do grupo de pesquisa em biocatálise e biologia sintética do CNPEM e coordenador do estudo, segundo a Agência Fapesp.
“Para usar uma comparação, a recalcitrância da estrutura cristalina da celulose decorre como que de um conjunto de cadeados, que as enzimas clássicas não conseguem abrir. A CelOCE abre esses cadeados, permitindo que outras enzimas façam a conversão. Seu papel não é gerar o produto final, mas tornar a celulose acessível. Ocorre uma sinergia, a potencialização da atuação de outras enzimas pela ação da CelOCE”, complementa Murakami.
A CelOCE foi descoberta na natureza, a partir de amostras de solo cobertas com bagaço de cana. Segundo a Agência Fapesp, a prova de conceito em escala-piloto foi demonstrada e a enzima já pode ser incorporada imediatamente ao processo produtivo. A produção de etanol celulósico faz parte da estratégia de grandes grupos sucroalcooleiros como a Raízen, que já conta com duas usinas do gênero no Estado de São Paulo e projeta que seis estarão em operação, com viabilidade econômica, até 2028, segundo informou recentemente o BNDES. O banco acaba de aprovar financiamento de R$ 1 bilhão para a empresa investir em uma usina no município de Andradina.
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