Virada de ciclo na pecuária abre caminho para a retomada do Grupo Raça Agro

Após alongamento de dívidas, rede varejista de insumos prevê crescimento de 40% em 2025
Fernando Lopes

Após um período difícil, em que evitou por pouco um pedido de recuperação judicial, o Grupo Raça Agro (GRA), que controla uma das maiores redes varejistas de insumos para a pecuária do país, tem pela frente um cenário propício para a consolidação de sua retomada. A tendência de redução da oferta de bois no país, que deverá se aprofundar no segundo semestre, provavelmente manterá os preços dos animais elevados e a demanda por insumos firme, e a expectativa da empresa mato-grossense é de crescimento de cerca de 40% em 2025.

Fundado na década de 1970, em Rondonópolis (MT), pelo veterinário Wellington Fagundes, que atualmente exerce o segundo mandato como senador eleito por seu Estado, o grupo começou a acelerar o passo em 2019. Liderado por João Antônio Fagundes, filho de Wellington (que não tem mais relação com a companhia), o GRA aproveitou a alta do boi na época para crescer organicamente e com aquisições, ampliou o número de lojas de três para 20, rompeu as fronteiras de Mato Grosso, diversificou os negócios e testou o mercado de capitais com a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA)..

Enquanto a empresa decolava, contudo, o ciclo da pecuária virou depois da pandemia. Os preços do boi caíram, a demanda encolheu, os estoques de insumos perderam valor e o faturamento anual da empresa, que havia se aproximado de R$ 400 milhões, encolheu. Endividado por compromissos assumidos durante a expansão, o GRA parecia estar sendo arrastado para uma recuperação judicial, mas conseguiu evitar o pedido no primeiro semestre de 2024 com uma hábil renegociação com 14 credores financeiros, que aceitaram alongar uma dívida de R$ 330 milhões até 2032, sem abatimentos.

Agora, em meio a uma nova mudança do ciclo da pecuária, desta vez positiva para as varejistas de insumos, a ordem é voltar a crescer, mas com cautela. Segundo João Fagundes, a expansão da rede atual, formada por lojas em Mato Grosso (16), Goiás (duas), Mato Grosso do Sul (uma) e Pará (uma), deixou de ser prioridade, e o foco é continuar a tornar a operação mais eficiente e otimizar o portfólio – o GRA chegou a ter mais de 9 mil itens ativos, e hoje conta com cerca de 1,5 mil.

“Abrimos mão de linhas de jardinagem, por exemplo. Estamos com uma postura mais ativa nas vendas, concentrados em pecuaristas profissionais, que buscam produtos para pasto, suplementação animal e instruções para sua fazenda”, afirmou o empresário ao NPagro. Fagundes acredita que, neste novo ciclo de oferta restrita, a arroba do boi, que atualmente ronda os R$ 300 em Mato Grosso, poderá superar R$ 400 no segundo semestre, e que, com isso, o faturamento do grupo deverá alcançar R$ 450 milhões em 2025 – em 2024, foram R$ 325 milhões, pouco acima de 2023 (R$ 313 milhões).

Nesse processo de retomada, o GRA tem como trunfo uma fábrica própria de produtos para suplementação alimentar dos bovinos, responsável já por uma importante fatia de seu faturamento. É verdade que a escassez no mercado de um princípio ativo usado em herbicidas que combatem ervas daninhas em pastagens restringiu as vendas em janeiro e fevereiro, mas a oferta está se regularizando e, segundo João Fagundes, os negócios vão bem. Nesse contexto, outra prioridade é chegar ao “pecuarista que planta” com a comercialização de insumos agrícolas e drones. “Nossa expectativa é vender 70 drones em 2025, com faturamento de R$ 20 milhões”.

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