Fundada nos Estados Unidos, onde começou a comercializar seu primeiro defensivo agrícola biológico baseado em RNA (ácido ribonucleico) há pouco mais de um ano, a GreenLight Biosciences desembarcou no Brasil no fim de 2024 com planos ambiciosos. Já com um produto à venda no mercado brasileiro destinado à proteção de lavouras de grãos e café, entre outras, a empresa pretende ampliar o portfólio e fazer do país o protagonista de seu desenvolvimento na América Latina, região que tende a ser o carro-chefe de seus negócios nos próximos anos.
Com o RNA, as soluções desenvolvidas pela GreenLight são capazes de silenciar genes específicos em insetos que se tornam pragas, patógenos ou ervas daninhas, por exemplo, sem alteração direta de DNA. Com isso, informa a companhia, são mais sustentáveis e podem preservar insetos benéficos, como as abelhas, além de apresentarem degradação mais rápida que os defensivos convencionais, o que é positivo para o solo e para a água. A GreenLight é pioneira no mercado, e sua chegada ao Brasil tornou-se viável após um aporte de US$ 25 milhões da firma de investimentos Just Climate.
Nos EUA, as vendas são puxadas por um produto próprio para a proteção de plantações de batata, que ocupam áreas muito menores que a de grãos e café. Assim, é apenas uma questão de tempo para o Brasil assumir a liderança nos negócios. A empresa trouxe ao país, no fim do ano passado, 1 milhão de litros de seu adjuvante potencializador para inseticidas, volume suficiente para ser aplicado em 400 mil hectares, e neste momento há cerca de 100 provas de campo em andamento com produtos à base de RNA. Segundo Andrey Zarur, fundador e CEO da GreenLight, a expectativa é alcançar uma área total de 1 milhão de hectares no Brasil e nos EUA em 2025.
Egresso das ciências farmacêuticas, o mexicano Zarur contou ao NPagro que iniciou a jornada que resultou na criação da GreenLight Agrosciences em 2008, motivado pela possibilidade de ajudar na redução do uso de agroquímicos nas lavouras. De acordo com ele, as soluções baseadas em RNA mostraram-se seguras para tal, mas como eram muito caras o desafio foi reduzir custos e ampliar a escala da produção – mantendo a pureza, para serem estáveis nas mãos dos agricultores. Além de atuar nos EUA e no Brasil (onde busca aval para comercializar mais dois produtos), a companhia tem aprovação para um de seus produtos na Ucrânia e está em fase inicial de atuação no México.
No futuro próximo, adiantou Zarur, a ideia é chegar também ao mercado europeu. “A Europa é o mercado que mais nos necessita, já que 50% das terras são dedicadas à agricultura, em média. É um percentual muito alto, que em países como a Espanha chega a 60%”. De acordo com o executivo, os defensivos da GreenLight são normalmente utilizados em associação com os químicos, e seus preços se equivalem. “Onde nossos produtos são aplicados, a redução do uso de químicos costuma variar entre 50% e 85%”, concluiu.
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