Os temores do setor produtivo se confirmaram. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu, em reunião realizada nesta terça-feira, suspender o aumento do percentual obrigatório de mistura do biodiesel no diesel fóssil comercializado no país. Atualmente em 14%, a mistura deveria subir para 15% em março, mas a alta do óleo de soja, principal fonte para a produção de biodiesel no Brasil, provocou a reviravolta.
Os sinais de que essa mudança de rota aconteceria começaram a ficar nítidos depois que o presidente Lula afirmou a jornalistas, há algumas semanas, que conversaria com empresários do ramo em busca de respostas para a alta do óleo de soja. Em manifestações públicas, diferentes fontes do setor produtivo alegaram que os preços do óleo de soja são influenciados por fatores como cotações internacionais e câmbio, e que o aumento da mistura não teria efeitos inflacionários.
Mas, com o óleo de soja refinado para fins alimentícios mais caro nas gôndolas dos supermercados, veio a confirmação, por parte do CNPE, da manutenção do percentual da mistura de biodiesel em 14%. Mais ou menos a mesma coisa aconteceu durante o governo de Jair Bolsonaro, também gerando críticas do setor produtivo. A alegação é que essas mudanças no cronograma de aumento da mistura prejudicam investimentos em um produto fabricado no Brasil e mais sustentável que o diesel fóssil.
“Parecia inconcebível ter uma quebra de compromisso estabelecido pelo país nesse processo de transição energética a partir da aprovação do Combustível do Futuro, mas uma visão equivocada do impacto da evolução da mistura de biodiesel na inflação vai comprometer o desempenho em toda a cadeia produtiva, colocando em risco altos volumes de investimentos anunciados”, disse Francisco Turra, presidente do conselho de administração da Associação de Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), em nota.
Com a recente queda das cotações internacionais do óleo de soja e a desvalorização do dólar em relação ao real, a tendência é de redução dos preços do biodiesel. “Não é possível afetar toda uma cadeia produtiva com 15 dias antes da decisão esperada de aumento de mistura. As empresas empenharam seus compromissos com aquisição de matéria-prima e prepararam a estrutura produtiva para uma ampliação de oferta em cerca de 7%, que, de uma hora para outra, é cancelada”, realçou Turra. Não há previsão de retomada do aumento da mistura.
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