Pressionada pela elevação de custos e do endividamento, a RaÍzen, joint venture entre Cosan e Shell, promete iniciar, na safra 2025/26, um novo ciclo em seus negócios. Segundo Nelson Gomes, que assumiu o cargo de CEO da empresa há 90 dias, o foco será concentrado na geração de valor e em eficiência operacional. Equilíbrio é a palavra de ordem.
Em teleconferência com analistas na manhã desta segunda-feira para tratar dos resultados do terceiro trimestre, Gomes dividiu a trajetória da Raízen até agora em dois ciclos principais: o primeiro, disse, durou de 2011 a 2016 e foi guiado pela integração entre Shell, Esso e Cosan, com a criação de uma cultura própria, e pela aposta em excelência operacional e de execução; o segundo, continuou, começou em 2017 e foi marcado por forte crescimento, com a realização do IPO em 2021, muitas aquisições e diversificação do portfólio.
“Tudo isso trouxe muita complexidade, muita distração”, afirmou Gomes. Essas “distrações”, observou, abriram espaço para elevação de custos e incremento de dívidas, problemas que acabaram sendo amplificados pelo cenário macroeconômico – sobretudo o aumento dos juros. Agora, adiantou o executivo, a Raízen pretende simplificar sua estrutura, seus processos internos e seu portfólio, além de otimizar sua estrutura de capital.
Gomes realçou que alguns passos já foram dados para o início do novo ciclo. A reestruturação do primeiro escalão da Raízen foi concluída, foram definidas com clareza três linhas de atuação principais – etanol, açúcar & bioenergia e Mobilidade no Brasil e na Argentina – e o escopo das operações de trading foi restringido a açúcar, etanol e à originação dos derivados distribuídos na rede de postos da companhia no Brasil e na Argentina. Os investimentos em etanol de segunda geração (2G) continuam, com duas inaugurações previstas para o curto prazo, mas poderão perder força nos próximos anos.
A Raízen encerrou os primeiros nove meses do exercício atual, em dezembro, com prejuízo financeiro líquido de R$ 5,558 bilhões, 20,8% maior que em igual intervalo do ciclo anterior. Em 31 de dezembro, a dívida líquida total da empresa estava em R$ 38,590 bilhões, 22,5% mais que um ano antes, e a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) alcançou 3 vezes, contra 1,9 vez no fim de 2023.
A performance financeira prejudicou os resultados consolidados da Raízen no terceiro trimestre do exercício atual. Também afetada por problemas operacionais provocados pelo clima e pelas queimadas, a companhia amargou prejuízo líquido de R$ 2,571 bilhões, ante lucro líquido de R$ 793,3 milhões entre outubro e dezembro de 2023. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 20,5%, para R$ 3,123 bilhões, e a receita líquida cresceu 14,3%, para R$ 66,872 bilhões.
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