A paranaense Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, sentiu os reflexos negativos da quebra de safra e da queda dos preços dos grãos em 2024, mas encerrou o ano com resultados considerados positivos e ampliação de investimentos. Para 2025, quando deverá avançar em seu projeto de construção de uma usina de etanol de milho, o maior dos últimos anos, o grupo trabalha com um cenário de colheita menor que a inicialmente esperada e preços acomodados nos atuais patamares mais baixos – sobretudo os da soja -, o que tende a resultar em relativa estabilidade em seus principais indicadores
De acordo com informações aprovadas nesta terça-feira em assembleia de cooperados, a Coamo, cuja sede é no município de Campo Mourão, encerrou 2024 com receita global de R$ 28,8 bilhões, 5% menos que em 2023 (R$ 30,3 bilhões). Já as sobras (lucros) líquidas do grupo somaram R$ 2 bilhões, e desse total R$ 694 milhões estão sendo distribuídos aos mais de 32 associados espalhados por Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. No exercício anterior, as sobras alcançaram R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 850 milhões foram distribuídos aos cooperados.
Airton Galinari, presidente-executivo da Coamo, afirmou ao NPagro que a retração do faturamento também foi influenciada pela forte queda dos preços dos insumos vendidos aos associados. Com o movimento, a receita da cooperativa com insumos caiu de cerca de R$ 10 bilhões, em 2023, para o patamar de R$ 8 bilhões no ano passado. No total, o grupo recebeu dos cooperados 8 milhões de toneladas de produtos agrícolas em 2024, ante quase 10 milhões no ano anterior, e as exportações atingiram 4,3 milhões de toneladas (-12,2%), ou US$ 1,9 bilhão (-13,6%).
José Aroldo Gallassini, presidente do conselho da Coamo, observou que, embora a safra nacional de grãos em geral esteja no caminho da recuperação neste ciclo 2024/25, impulsionada por Mato Grosso, na área de atuação da cooperativa o clima não tem sido tão favorável, principalmente em Mato Grosso do Sul. Com isso, o dirigente, que realçou a fidelização dos cooperados com o grupo, espera que 2025 seja semelhante a 2024 em termos de volumes movimentados – lembrando que, em 2024, a venda de estoques dos associados, que estavam elevados no início do ano, compensou parte da frustração com a colheita.
Mesmo com a conjuntura mais adversa, a Coamo ampliou investimentos no ano passado. No total, os aportes chegaram a R$ 1,2 bilhão, ante pouco menos de R$ 570 milhões em 2023, direcionados sobretudo à ampliação e modernização de entrepostos, unidades de beneficiamento de sementes e indústrias, à conclusão de uma nova planta de rações e ao início da construção de um novo entrepostos no município de Campina da Lagoa, no centro-oeste do Paraná. O projeto de construção da usina de etanol de milho, em Campo Mourão, foi deflagrado, mas o grosso dos investimentos (R$ 1,7 bilhão no total) deverá começar a sair do papel neste ano.
Além da usina, a Coamo prevê erguer mais três unidades de recebimento de grãos em Mato Grosso do Sul e realizar novos investimentos em modernizações e ampliações de unidades. Uma usina de biodiesel também está nos planos. O grupo conta atualmente com 12 indústrias – três unidades de esmagamento de soja, uma de margarina, uma de gorduras vegetais, duas plantas de refino e envase de óleos vegetais, dois moinhos de trigo. uma unidade de torrefação de moagem de café, uma fábrica de rações e uma fiação de algodão. O patrimônio líquido da Coamo fechou 2024 em R$ 12 bilhões.
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