Uma safra de maior rendimento agrícola, marcada por condições climáticas mais favoráveis, mas com área de colheita menor e, com isso, queda de produção. Esse é o cenário traçado pela SCA Brasil para o próximo ciclo canavieiro (2025/26) na região Centro-Sul do país, que terá início em abril. De acordo com as projeções da empresa, o açúcar deverá ganhar espaço no mix das usinas, mas a oferta geral de etanol tende a sofrer pouco, por causa do avanço do biocombustível feito do milho
Martinho Ono, CEO da SCA Brasil, que é especializada no mercado físico de biocombustíveis (trading, consultoria e aquisição de insumos e serviços logísticos), afirma que o início da colheita ainda deverá ser marcado por queda de produtividade, uma vez que os trabalhos estarão concentrados em canaviais que sofreram com a seca de 2024. “No primeiro terço, haverá prejuízo de produtividade. No segundo, prevejo equilíbrio, e no terceiro terço, recuperação em relação à safra 2024/25”, disse Ono. Na média, ele calcula que a produtividade poderá alcançar entre 78 e 82 toneladas por hectare no Centro-Sul em 2025/26, ante as 78 toneladas de 2024/25.
Em consequência da seca e dos incêndios do ano passado, a renovação de canaviais foi prejudicada, e a área a ser colhida deverá diminuir em cerca de 400 mil hectares em 2025/26, para 7,4 milhões de hectares. E a safra deverá ter início com pouca quantidade de cana bisada, diferentemente do que aconteceu em 2024/25, o que também terá influência no resultado final.
Ono estima que a produção de cana ficará entre 592 milhões e 607 milhões de toneladas no próximo ciclo no Centro-Sul, ante cerca de 620 milhões em 2024/25. De acordo com ele, a participação do açúcar no mix de produção das usinas deverá crescer de 48% para 51%, o que deverá garantir uma oferta de 40,7 milhões de toneladas, contra as 40 milhões nesta temporada que está chegando ao fim.
Já a produção de etanol de cana tende a recuar de 26,7 bilhões de litros para cerca de 24 bilhões, mas boa parte da queda será compensada pelo avanço do etanol de milho, de 8,3 bilhões para 9,8 bilhões de litros. Se as previsões se confirmarem, a produção total de etanol deverá cair, portanto, de 35 bilhões para quase 34 bilhões de litros.
Ono observou que 2025 está começando com boas notícias para o etanol. A primeira é o aumento do ICMS que incide sobre a gasolina, que amplia a competitividade do etanol hidratado nos postos. Em maio, haverá aumento de PIS e Cofins sobre o etanol anidro, que é misturado à gasolina, mas queda da cobrança sobre o hidratado, e também está previsto a elevação do percentual de mistura de anidro à gasolina, de 27% para 30%.
Durante Live em que apresentou suas projeções, Martinho Ono realçou, finalmente, que regras mais rígidas sobre o cumprimento das metas do Renovabio pelas distribuidoras de combustíveis também deverão reduzir a inadimplência na aquisição de créditos de descarbonização (CBios), com reflexos positivos para os negócios das usinas.
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